quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Elas só pensam naquilo

Elizabeth (ou Beth) inicia a conversa com seu namorado, Bento (ou Tinho), atropelando as locuções.

—Tinho, me desculpe. Desde já, me perdoe! Diga que sim... — disse Beth, com despeito.
— OK, mas não me deixe apreensivo — respondeu ele, meio confuso.
— Perdi o anel que você me deu, Tinho! Eu perdi. Perdi!!! Não valho nada mesmo... — choramingou ela.
— Oh, meu anjo. Como você é fofa. Não se preocupe como isso, não... Você dormiu bem? — desconversou Bento.

Elizabeth não pensou duas vezes e foi logo dizendo, toda pomposa:
— Ah, meu amor, sonhei contigo!
— Puxa, me conta...
— Bem, assim... lá, a gente... (fez o gesto de “sexo” com a mão direita) só que o sonho já começava com a gente na cama, conversando — disse Beth, atônita.
— Ah... — murmurou Bento, desalentado.
— E eu pedia pra que você não contasse a ninguém!
— Contasse o quê? Que você fumou depois de ter transado comigo? — brincou ele.
— Ei, como você sabe disso?! — perguntou Beth, surpresa.
— Eu simplesmente sei — disse ele, suspirando. E completou: — Eu queria ter sonhado com isso... mas comigo ia ser diferente! Ia ter o que faltou! — exclamou Bento, com um trejeito peculiar.
— Mas que safado você, Tinho! — replicou a pobre virgem. — Tenho muita vergonha e assim você só piora...

Bento era um rapaz sagaz. Tinha lido em algum canto que o sonho era a fresta do espírito. Talvez em Freud ou Machado de Assis; o desejo dela mostrou-se em seus sonhos mais íntimos e libidinosos. E ele acrescentou:
— Você estaria com o anel, ora — amainando assim a sua bela fera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí?