terça-feira, 29 de setembro de 2009

Amsterdã

Sim, ela era realmente muito traquina; danada mesmo. Matava insetos só pra ver a agonia da morte. Roubava maçãs na feira. E sua mãe notava cada passo em falso seu. Seria mau agouro roubar justamente maçãs, a fruta do pecado original? Se fosse pelo menos pirata...

Contudo, a questão era a índole da garota que não condizia com o ambiente em que vivia. A paz pairava — dava pra sentir na pele sem se queimar. Num desses dias turbulentos de brincadeiras, a menina acabou por bater no moleque mais metido e mandão da rua. Sua mãe achou bonito, porque achava que o garoto merecia, de fato, uma sova. Foi por conta desse tipo de pensamento que a mãe perdeu a filha.

Viviana estava se tornado uma menina fútil. Qualquer marmanjo tinha relações sexuais com ela. (E ela só tinha 13 anos!) As peripécias eram as mesmas das garotas de sua idade. Mas as amigas ainda brincavam de boneca Suzy. Vivi, como era chamada por todos, um dia tirou sua mãe do sério ao chamar sua avó de “velha preconceituosa” com toda a cólera possível. Isso porque seu ficante era negro.

Guilhermina, a mãe, disse:
— Tomara que um turista branquelo desses leve você daqui! Você não para quieta. Sempre tá implicando!

Dois anos depois, Vivi estava na Holanda na crista da onda de sua vitalidade. Mandava cartões postais de Amsterdã pra mãe, mentindo sobre sua vida atual. Estava se prostituindo pra sobreviver, enganada por um turista que ela conheceu numa rave no Rio de Janeiro, chamado Jacob Van-alguma-coisa. Ela morreu de overdose de cocaína. Ao pó voltou, literalmente.

2 comentários:

  1. Cara. Eu quero seu autógrafo. Depois um beliscão nas costelas!

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  2. Muitooo bommm...
    Eu sempre me policio com essa tal dessa colera... Você só se fode com ela! Bem... e eu as vezes sou bemmm colerica
    =/

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