Todo mundo sabe que o que acaba um relacionamento é a rotina. Pior que isso, só os gostos divergindo. Se o diálogo nem fluir, então...
— Sérgio, entenda: Super-homem é um bosta! A kriptonita pra ele é como os livros pra um flamenguista.
— Ei, rapaz. Mais respeito, por favor! Você tá pensando o quê? Respeite o meu super-herói preferido!
— Sou muito mais o Batman — declarou Lucas. Sua namorada, do lado dos dois, só acompanhava a conversa, enquanto se preparavam para assistir causticamente o filme do Homem de Ferro.
— É. Ele é melhor. Os poderes dele são melhores — lançou Débora. Lucas, com uma cara de "hein?", disse:
— É uma pena que ele não tenha poderes.
— Mas ele não voa?! — E Lucas fez aquela cara de novo. E respondeu, finalmente:
— Ele "plana". Ele não tem poderes. Garanto que você não conhece nem um inimigo dele sequer...
— O Robin — disse ela, segura de si. Sérgio teve que se meter na briguinha de casal.
— O Robin é do bem, minha filha!
— Ah, é mesmo... Ele ajuda os pobres — inferiu Débora, com um ar ladino.
— Como é, rapaz?! — exclamaram os dois,
— Esse daí é o Robin Hood. O outro é o parceiro dele. Só isso.
— Mas o Homem de Ferro é melhor que o Batman. Tem mais dinheiro! E o Homem-aranha é mais legal. E o...
— Melhor ficar calada agora, porque o nosso namoro pode acabar... e vai começar o filme! — concluiu o namorado, em desalento.
Débora sempre gostou dos gibis da Turma da Mônica. A verdade era essa.