terça-feira, 7 de setembro de 2010

A vida cheira a peidos úmidos (Capítulo III)

Leitor, rapaz, leia aqui primeiramente:
Prelúdio, Prefácio, Cap. I, Cap. II


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Mas não sei por que eu não conseguia pregar o olho. Mal lembrava que horas eram... (Deixe-me conferir no relógio da cozinha... Depois de alguns passos até lá, voltei pra minha máquina de escrever.) Bem, já eram 10h! Devia haver alguma explicação pra isso.


E havia. Olhei de relance para o calendário 1995, atrás de mim, na geladeira. Era dia 13. Era dia 13 de agosto. Era sexta-feira 13 de agosto. Estava explicado. Senti um ar gélido nas minhas entranhas. Toda a minha ossatura se arrepiara só de pensar nesse dia, nesse mês. Não que houvesse acontecido comigo nada de significante especificamente nesse dia, mas, porra, era sexta-feira 13! E em agosto!


Como todos sabem, a tal sexta-feira 13 é tida com o dia do azar. E agosto é um mês de mau agouro. Não sei o porquê disso direito, mas meu pai morreu em agosto; Getúlio Vargas se matou; as bombas estadounidenses atingiram Hiroshima e Nagasaki; e por aí vai.


Tenho paraskevidekatriafobia. Traduzindo pro português, tenho parascavedecatriafobia. Fobia desse dia, em específico. As pessoas dizem que a sexta-13, vinculada ao mês de agosto, teria alguma ligação com as bruxas. Minha casa está sempre suja. Odeio vassouras.


Até no Tarô, o número 13 representa a Morte! Porra, isso me persegue. Há sexta-feira 13 todo ano – pelo menos uma vezinha. Mas eu não queria ter esse medo. Essa crença no azar desse dia maldito começou no século 19 e se intensificou no 20 – pelo menos uma vezinha não deu 13, né?


Na verdade, às 13h daquele dia, algo não muito agradável iria acontecer. E meu medo aumentaria. O pânico tomaria conta de mim. E eu não saberia tomar qualquer decisão séria, usando somente o recurso racional. E não falaria nada inteligível aos ouvidos humanos e sãos.