terça-feira, 23 de março de 2010

As cantadas

Há cantadas que dão certo como as do Alex e do Arlindo. Calma! Logo, logo você vai entender. Mas às vezes não tem como: a guria não quer sair/ficar/”brincar”/beber/jogar Guitar Hero contigo e você tem que sair por cima, embora leve um fora traumático. A priori, o Alex. Criaremos um personagem: Tiago. Tiago não; Thiago... Agora sim! Thiago com agá, feliz da vida, com o xaveco na ponta da língua (e a vontade de usá-la), chega a seu flerte e:

- Oi, Jennyfer (leia-se Djenifer)! Tudo tranquilo? Você deu uma encorpada, hem? Pensei em ti esses dias...
- Tudo bem. Foi mesmo? E por quê?
- Por nada. Acho que eu sonhei contigo. Por isso você tá com as coxas mais grossas... de tanto correr de mim nos sonhos.
- Ai, para – murmurou ela, ruborizando.
- É sério. Eu posso até te fazer esquecer o Alex.
- Alex?
- Sim, o Alex!
- Que Alex?!
- Tá vendo... Você já esqueceu.

E é só correr pro abraço... e pro beijo. É bem verdade que esta “cantada do Alex” pode muito bem ter outro nome. Mas Thiago com agá prefere assim. E ainda arrisca a do Arlindo:

- Oi, tudo certinho? Te vi de longe, sozinha, aqui nesse show perigoso da Ivete Sangalo, e te achei linda. E não pense que vou usar a cantada-cafajeste do “vou te comer!”, não... Meu nome é Arlindo. Mas pode me chamar somente de lindo, porque o ar eu já perdi quando te avistei.

Pois bem, é... é difícil saber o que dizer numa hora dessas. Melhor beijar logo, porque o cara mereceu. Foi ou num foi?! Foi. Lógico. Evidente. O chato é quando Thiago com agá tem de chamar alguém pra ir ao cinema. Às vezes, a gente quer dar uma de cavalheiro e tal... pagar a entrada da nossa paquera. Mas há menina que não merece um M&M’s, nem um grãozinho de milho pré-pipocado. E nessas horas, Thiago com agá sabe sair ileso.

- Vamos assistir a um filminho... hoje?! – pergunta ele, inocente.
- Você só quer ir hoje, porque hoje é quarta e quarta-feira é mais barato... Euzinha aqui só saio com quem tem cacife, mô bem!
- É você quem sabe... quer ir final de semana, vamos! É você quem vai pagar o seu mesmo.

Palmas. Não haveria melhor saída! Mas teve uma vez que Thiago com agá acabou levando a pior. Foi chamar uma china pra curtir a vibe, mas...
- E aí, vamo curtir uma vibe?
- Por que você tá falando assim? A gente tá numa rave, mas não precisa falar como um idiota – arremessou a garota. Nessas horas, ele pensava em Jennyfer (leia-se como lá em cima).
- Não, é que esse pessoal é bem descolado. Pensei que você fosse dessa tribo loca – disse ele, gesticulando.
- Tá muito barulho e eu tô muito doida. (De extasy. Sim, ela era da vibe, era da tribo, era má.) Põe nesse guardanapo o teu MSN que eu te add. OK, lindinho? E depois sai daqui...

Thiago com agá fez “o que lhe foi ordenado”. Achou estranho. Achou excitante. E é dessas mulheres que os homens têm fetiche. É dessas mulheres que os homens têm medo. É por conta dessas mulheres que o autor que vos fala tem a certeza de que o mundo sem elas seria habitável. E sem graça. Mas graça mesmo achou Thiago com agá quando viu a janela para a aceitação do usuário luciana_htona23@hotmail.com. “Pronto”, pensou ele. “Tá no papo!”. Depois de muitas investidas, o nosso galanteador se abusa.

Thiago (B) diz:
Ah, luh.. eu qria saber mais sobre vc. a gnt mal cunversou na rave, mais parece q vc nao quer contribuir... :/

Luhhh (L) ObRiGaDa, MeU dEuS!!!! diz:
Meu fio, digae oq vc qr sabeah de mim, hihi

Thiago (B) diz:
Sei lá, eu tinha q descobrir coisas que vc gosta de fazer, pra onde vc custuma i, os lugares, essas cosas :D derrepente a gnt saia pra algum canto juntos, so nois dois.. doq tu gosta?

Luhhh (L) ObRiGaDa, MeU dEuS!!!! diz:
Gosto de fika em casa mesmoo..

Aí não tem jeito... Luciana era dessas gurias que apertam no comando de “chamar a atenção” no MSN só pra dizer que por onde passam, chamam atenção. Ele desistiu dela de primeira. A solução foi Thiago com agá procurar outros cabelos para acariciar, mas não antes de se armar no Google, digitando "cantadas".

sexta-feira, 19 de março de 2010

É show!

– Vambora pro show da Maria Gadú?
– Como é, rapaz? Maracatu?! Tá horrível o sinal dessa operadora. Meu celular também tá muito velho... a ligação tá cortando – explicou Michel.
– Sim, Maria Gadú. É muito bacana! Você nunca ouviu? – perguntou Filipe.
– Claro que já escutei maracatu, meu amigo! – disse ele, um tanto ofendido. – Pena que Chico Science morreu... Gosto muito da mistura que eles fazem com o rock.
– É... – disse Filipe, sem entender direito. – Então vamos marcar: 21h em frente à pizzaria Arrivederte. Ok?

Tudo combinado, tudo acertado. Como você (vá me perdoando logo pelo termo coloquial) já deve ter percebido, houve uma pequena falha de comunicação. Mas nada que impeça de a noite ser aprazível. Espero...

Chegando lá:
– Que porra é essa? – perguntou Michel, ao som da voz marcante de Maria Gadú e seu Shimbalaiê a postos. – Você quer que eu fique aqui tomando refrigerante? Você sabe que tenho diabetes. E eu só penso em tomar uma Fanta ouvindo uma música desse naipe...
– Calma, Michel, ora! Essa é Maria Gadú: o fenômeno da nova MPB. Eu disse pra você que era ela que ia tocar de graça aqui na praça – esclareceu para o amigo.
– Grandes coisas. Pena que entendi errado. Entendi “Maracatu”. Você fala todo errado... devia fazer um curso de dicção! – zombou ele.
– Que nada de Maria Gadú. Eu falei maracatu – confundiu-se.
– Tá vendo? De novo.
– Você quem devia limpar essas orelhas. Eu falei certo; tu tá entendendo tudo errado.
– Quer saber, vou ver se nesse apinhado de homossexuais tem alguma mulher que valha a pena... Que valha a pena não, qualquer uma! – disse ele, revoltado gesticulando com o dedo indicador direito pra cima.

Logo se aproxima a primeira vítima. E última.
– Olá, senhorita. Percebi que você é uma das poucas heteros nesse show “super bacana”.
– Eu nem gosto de Maria Gadú – emendou ela, rindo. – Na verdade, só vim pra espairecer e porque é de graça. Eu, Maria Rita, e minha prima Dulcinha. Prazer.
– Ah, tá explicado porque você não gosta. Maria Rita tem de gostar de... Maria Rita – disse ele, brincando. – Meu nome é Michel.
– Rapaz, pior que é mesmo – riu a moça.

Apesar da boa investida no começo e das boas risadas, conversa vai, conversa vem e nada. Ele tentou beijá-la duas, três vezes e... nada. Enfim, Michel se exalta, agoniado:
– Ó, vou ser franco. Tenho diabetes e você tá fazendo cu doce. Não rola. – E saiu puto da vida. Ele chegou até Filipe e disse: “Vambora pro show do Parangolé?”