sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os amantes

Tudo combinado. Tudo acertado. Tudo nos conformes. Às 15h, no Motel Doce Clitóris. Não tem erro... É ali pertinho do supermercado. E foi por conta deste detalhe, que a sagaz Bárbara combinou de ir ao tal motel com Ricardo, no qual intrinsecamente já tem nome de amante.


No entanto, ele não poderia ser um “Ricardão” legítimo, afinal, não era corpulento. Tinha uns braços notáveis aqui, umas pernas bem torneadas ali, mas nada passando dos 1,68m de estatura. Ricardo era um marido fiel — quando estava com a mulher — e um pai responsável.


“Painho, fiz uma prova de inglês esselente”, disse seu filho, Bruninho, pelo MSN. O pai, sempre atento, perguntou do computador do escritório de advocacia: “Que bom, meu filho! E a de português?”.


Já Bárbara era uma mulher solteira. Mulher independente. Mulher pós-moderna. Mulher “guerreira”, de fato. Seu affair mais empolgante era Ricardo. Mas existem coisas que os homens detestam: uma que eu lembro agora é frescura. Esse era o motivo pelo qual Ricardo não trocava a esposa, Karolina, por ela.


Bárbara era do tipo que vive em show de pagode e de axé, apesar de sua já avançada idade (32 anos na cara e 25 de corpo). Deixe-me deixar claro, leitor-que-lê: ela era daquelas que tinham uma simples cólica e ia ao médico, veja só você! O médico advertia: “Você não pode ingerir nenhuma comida carregada, a exemplo de lasanha, feijoada, buchada e lingüiça/calabresa”.


É verdade... Houve até uma vez que Ricardo chegou com um salgadinho de presunto na mão, oferecendo a ela e Bárbara: “Não, tô com cólica!”. Ricardo só balançava a cabeça e não entendia o porquê daquilo, justamente porque não havia sentido. “Esses salgadinhos são de milho, ora”, pensava ele. Mas deixa pra lá.


Voltando para o início do texto, já estava até esquecido. O Motel Doce Clitóris ficava do lado do supermercado Hiper Bompreço perto do trabalho dos dois. Ele desligou o telefone do escritório e foi direto para o supermercado. Isso mesmo. Os dois deixavam ambos os carros lá pra que, se algum conhecido os visse, dissessem que estavam apenas fazendo algumas comprinhas.


Tática infalível. O carro no estacionamento do Hiper seria o álibi perfeito. Se encontraram no motel. Do supermercado, pegaram táxis separados e entraram no paraíso. Chega até a ser jocoso o modo como eles encaravam tudo isso. “Cheguei primeiro!”, ria Bárbara.


— Quero tomar banho de banheira com você hoje! — exclamou ela.

— Na verdade, temo que este seja nosso último “passeio” juntos. Quero me dedicar à família e ao trabalho. Vivo sempre cansado...

— Ok — inferiu Bárbara, num tom de indiferença que chegou a surpreender Ricardo.


No banheiro, os dois devidamente desnudos, brindam uma taça da champagne da casa. Bárbara acende um cigarro e entra na cheirosa água espumada. Ricardo, ainda em pé e fora da banheira, vem logo em seguida. Mas em um movimento impulsivo, a amante joga a taça na altura do púbis do rapaz.


É quase um pecado jogar fora um Heidsieck & Co Monopole, feito na França. Digo isso não somente porque ele tem 200ml, mas pelo sabor bem equilibrado que uvas Chardonnay e Pinot Noir dão ao espumante. Ele deve ser servido a uma temperatura de 6ºC, contudo, neste instante, o púbis de Ricardo estava pegando fogo.


Bárbara jogara o cigarro em cima dele nos 12% de teor alcoólico, que agora jaziam no pênis de Ricardo, e o empurrou no chão. Ela saiu do quarto de motel em menos de 10 segundos. Esse foi o tempo de ele se levantar rapidamente e se aliviar na banheira. “Ahhhhh!”, suspirou ele, pegando os 100ml restantes de sua taça.


Deu um trago só. E disse em alto e bom sopro: “Eu mereci!”, analisando seu filho ruborizado e perguntou: “Tudo bem aí embaixo?!”. Ainda finalizou com uma piadinha: “É, o Doce Clitóris agora tá com cheiro de pentelho queimado” e foi se vestir para voltar ao supermercado e pro trabalho.

5 comentários:

  1. Vai se dedicar a família, tentar ser bom moço. Aê... Se deu mau. =P
    kkkkkkkkkkkkkkkk...
    Muito massa Breno!
    Adorei o nome do motel...
    aheiahuoaheihaoiuehaiueh

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  2. Ninguem é assim não viu? kkkkkkkkk.

    O Motel Doce Clitóris ficava do lado do supermercado Hyper Bompreço ;*

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  3. Tá de parabéns , velho, gostei pra caralho!

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  4. “Painho, fiz uma prova de inglês esselente”, disse seu filho, Bruninho, pelo MSN. O pai, sempre atento, perguntou do computador do escritório de advocacia: “Que bom, meu filho! E a de português?”.

    E a de Português? Vai "pecsima"(SIC).

    Acho que já vi essa conversa uma vez no MSN. kkkkkkkkkkkkkkk

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  5. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Pra variar eu adorei!
    Tu me da cada ideia massa...
    "o cigarro em cima dele nos 12% de teor alcoólico, que agora jaziam no pênis"
    Enfim... homem não valhe nada e mulher muito menos!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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E aí?