Ela era daquelas garotinhas meigas e cheias de rosa. Na bochecha, nas unhas, até no coração, se possível: quase tudo rosa. Cabelo pintado de um leve ruivo, puxando pro laranja mesmo. Estatura mediana, idade avançada – mas só a fisiológica. Tudo bem, ela era inteligente... Tinha seus quase 30 anos, mas era ingênua em certas coisas.
Casou com o homem dos sonhos. O sapo, o príncipe, o Brad Pitt. Ou, pra quem quiser, o Thiago Lacerda. Ou até... não, chega! O fato é que, como em todo casamento, a coisa foi ficando feia. Não falo no sentido literal, de que o marido foi ficando velho, feio e a pele murchando, pegando carona com a paciência. Não, não. No casamento, as coisas sempre pioram.
Há quem diga de boca cheia: “Ah, mas eu acho tão lindo aqueles velhinhos juntos até morrerem! Tá vendo aquele casal, amor? Olha! Ela não para de falar com ele”. E sempre há um gaiato que diz: “Aquela porra daquele velho deve ser surdo ou ter mal de Alzheimer!” – sempre às risadas também. Como os homens são insensíveis... Sempre fomos e sempre seremos. Pra que se exaltar por pouca coisa?
A questão é: as pessoas não param quietas. Sempre querem mais. Palavra! É incrível como a gente tem algo e julga querer outra melhor (mesmo ela não sendo, de fato). O grande filósofo do humor, Rafinha Bastos, disse outrora: “A gente nunca tá satisfeito. Quando estamos solteiros, queremos casar. Quando casamos... queremos morrer!”.
Engraçado mesmo (O último parágrafo foi realmente engraçado?!) é poder constatar que todo início de namoro é a mesma coisa. A mesminha. Não adianta mentir ou dizer: “Não, eu sou diferente dos outros caras”. Balela! Todo mundo – todo mundo – no começo de um relacionamento é um anjo. Não importa se caído do céu, se tem asas, se tem sexo.
Todos mostram seu melhor lado. Parece até comecinho de Big Brother... todo mundo é feliz e ama tudo. Daqui a pouco, a poeira debaixo do tapete começa a fazer espirrar quem tem alergia. E a gente tem alergia a quem não concorda com a gente. Não concorda? Rasgue a folha (pra assuar o nariz!).
Sim... vocês ficam me deixando falar sobre casamento e sobre ser o melhor para o parceiro, que acabei esquecendo a ruiva lá de cima. Namorou pouco e logo casou. Noivado é para os fracos. Contudo, no segundo mês de casamento, ela sentiu que precisava falar algo pro marido.
– Não me mate, por favor.
– Eu juro que enfio essa faca no seu peito! Quem é esse rapaz com cara de espanhol?
– É do meu trabalho! Não faça nada.
– Quem manda aqui sou eu. Você ouve. Copiou?
Ela já não aguentava mais. O que fez? Foi à polícia?! Foi pra casa da mãe.
– Mãe, ele tá me ameaçando por qualquer coisa. Deixa eu ficar aqui uns tempos, deixa... Ele pensa que tô dando corda pro Garcia. E acha que ele é espanhol...
– Ele não é espanhol?! – perguntou a mãe, esquecendo do que sua filha havia falado anteriormente.
– Claro que não! O pai dele que é.
– Ah, pensei que ele era, por causa daquele bigodinho... e daquele olhar também.
– É mesmo, mamãe. Tenho até medo dele.
– Medo?
– Sim, ele mexe comigo. Mas ainda bem que ele viajou a negócios pro exterior.
– Que negócios?
– Foi pro Paraguai.
– Contrabando!
– Não, mamãe. Ele tá lá cumprindo ordens da empresa. A gente precisa de um representante lá. Ele disse que me amava e que ia voltar pra me buscar.
– Como assim?! – perguntou a mãe, ruborizada.
– O que você acha? – redarguiu Penélope. (Esse era seu nome. Desculpe o atraso.)
– Você? Cadê o respeito?!
– Eu me exaltei; me perdoe, mamãe. É que eu e ele tivemos um affair antes dele viajar – explicou ela, corando.
– Entendo. E o que você vai fazer?
– Me separar!
– Por causa desse espanhol?!
– Ele não é espanhol! E não... não é por causa dele. É por causa do Sérgio. Ele era um doce no começo do namoro. Agora parece mais o Kadu Moliterno.
– Bata nele também! Você acha que seu pai era mansinho por quê?
– Ai, mãe e minhas unhas?
Penélope realmente não era de briga. Quem a via de longe, sabia que era tão indefesa quanto uma Coca-Cola na prateleira do supermercado. Separou. Ficou só. Se envolveu de novo, mas não com o “espanhol”. Arrumou um cara que ela encontrou no tal supermercado da tal Coca-Cola. Eles derrubaram de uns 8 a 10 litros de refrigerante no chão todo – refrigerantes fechados, é claro.
– Desculpa! Sou mesmo desastrada. Meu nome é Penélope.
– Que engraçado... – disse ele.
– O quê?! – perguntou ela, com a dúvida estampada nas sobrancelhas.
– Seu nome. Você aí vestida de rosa me fez lembrar a Penélope Charmosa da Corrida Maluca – disse ele, rindo e pegando as últimas garrafas pet de Coca.
– Eu amava esse desenho!
– Eu gostava mesmo era da Caverna do Dragão... você sabia que o final é uma loucura? É assim: o Mestre dos Magos era...
E continuaram nessa conversa. Dessa, surgiu um encontro. Do encontro, o clima. Do clima, o namoro. O resto, o leitor deve prever. Anos se passaram e o casamento ia bem. Ele mostrava ser quem sempre foi. Era atencioso – quando tinha ciúmes era porque realmente havia algo errado. E ele, Roger, estava com muito e há tempos.
– Que cara é essa, meu benzinho?
– Não sei. Vi seus SMS’s pro espanhol.
– Porra (raramente ela dizia um palavrão), meu ex era vidrado no Garcia e você me parece que tá indo no mesmo barco. Cuidado prele não furar e afundar...
– Isso é uma ameaça? Vá ficar com esse espanhol, vá... você não é carinhosa comigo como é com ele! Deve fazer sexo comigo pensando nele. Você não sabe nem fingir que não tá gostando... Acabou. Saia da minha casa!
– Vou. Não aguento mais tanta briga por causa do meu amigo. Acabou mesmo.
As lágrimas logo se tornaram um lago, quase que engolindo ela – meio Alice no País das Maravilhas. Ela sabia que Garcia tinha voltado ao Brasil e foi procurá-lo na mesma hora. Levou todo o aparato que precisaria. Quando chegou à pousada que ele estava, seu coração congelou e ela pôde sentir um frio latente na ossatura. “É agora ou nunca”, pensou ela. “É agora!”.
– Gracinha! Sou eu – disse ela, batendo na porta. Nota-se o anagrama de seu apelido.
– Já vai, Pê. Tô só de toalha!
– Abra logo – ordenou ela, com a imaginação fértil.
– Já vai... Oi, me dê um abraço daqueles. Que bom te ver. Entre!
Ela entraria correndo, dando um pulo em seu pescoço e beijando-o. Mas não foi isso que aconteceu. Penélope fez tudo isso e mais um pouco. Jogou-o na cama de casal, pegando suas mãos e o algemando nas extremidades de ferro da tal cama de casal da pousada. Não tinha teto espelhado, mas seria o motel improvisado deles. Ela pegou a mordaça, que estava na bolsa junto com a algema e o vibrador. Os olhos de Garcia saltaram quando viram o vibrador preto liso de 20 cm.
– Né pra você, não, bobinho! – riu ela, mentindo e percebendo o pavor em seus olhos, já que sua boca já estava com a mordaça.
– Na rnt nng trnrrrrs ratss!
– O quê?! Vou tirar... a mordaça – disse ela, soluçando de tanto rir.
– A gente nunca transou antes!
– Sim, eu sei.
– E você já vai assim...?
– Quero fazer o que nunca fiz com os outros.
– Espero que você já tenha depilado ou até queimado com vela um dos seus ex-namorados – suspirou Garcia, rindo.
– De fato, já – disse ela, séria, colocando a mordaça de novo nele. – Na verdade, vou lhe punir por me masturbar e pensar em você toda vez que transava com alguém... Cale a boca! Ninguém vai te ouvir com a mordaça aí. Eu te amo ou amava, não sei; mas só enquanto você estava longe – disse isso pegando uma faca de sua bolsa. (Curioso como em bolsa de mulher cabe tudo.) – Sei que se me casar com você, o encanto vai se exaurir. Então – concluiu ela, examinando o corpo nu de Garcia sob seu olhar meigo e, ao mesmo tempo, sórdido –, vou levar você comigo... Pra sempre!
E bem no momento reticente, antes do “Pra sempre!”, ela decepou o membro de Garcia. Ele chorava de dor e de vergonha ao ver que não havia mais nada lá. Seus gritos eram em vão. Ela o beijou na testa, dizendo um “eu te amo” sincero. Colocou o pênis de Garcia dentro de um papel alumínio que trazia consigo e murmurou: “Vamos com a mamãe, Gracinha!”, dando-lhe um beijinho na glande, ainda melada de sangue.
Ele olhava tudo, atônito, chorando de dor e quase desmaiando, sem forças. Ela pegou uma cola Super Bonder de dentro da bolsa, passou na extremidade do vibrador e colou no lugar onde o pênis já não mais estava. Enquanto ele gritava, dizendo palavrões incompreensíveis, ela saia assoviando qualquer coisa que não consegui identificar.
Ela precisava de um piscologo!
ResponderExcluirAcho que eu ja tinha comentado o quanto eu não gosto de rosa!
=D
kkkkkkkkkkkkkkkk ..... meu amigoo!!
ResponderExcluirde onde vc tirou essa doidaaa! aff, chega deu um desespero agora!! Deus me livre ..... mulé lokaaa da porra!