quinta-feira, 11 de junho de 2009

Meu Deus do céu

— Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... — disse o padre.
— ... Amém!!! — reverberou o povo cristão.
— Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe! — finalizou ele a missa.
— Graças a Deus!

Nesse meio tempo, Marcus não mais estava ali. Viajava mergulhado em seus devaneios. Tinha a razão e a certeza de uma coisa: não era mais católico. Poderia soar estranho para as gerações passadas, mas ele sabia que vivia a pós-modernidade e que a subjetividade era quem imperava em nossa sociedade.

Talvez tornar-se ateu tenha virado moda. Contudo, a questão não era essa. Ele acreditava em algo; não sabia em que ou quem, mas acreditava, ora. Esse é o fardo que todo ser humano racional leva consigo: o fardo de não ter certeza de nada, exceto na morte. Esta sim é uma verdade inexorável.

Dona Marta, mãe do jovem, era católica apostólica romana; fervorosa e austera, em se tratando de religião. Não tinha papo, quando o assunto era Jesus e companhia. Ser humano movido por um turbilhão de emoções e fé, ela não conseguia aceitar a possibilidade de seu filho vir a não ser católico.

Marcus não era católico por n porquês que não vou citar, até porque isso é apenas uma crônica. Tá bom, tá bom... Ele acreditava no buraco negro, na gravidade, na teoria de Darwin e da relatividade e no big bang. Claro que tudo isso teve um introito; um início. E Isso era Deus. O deus dele. O deus que ele podia escrever com inicial minúscula. E sem medo algum. Seu deus não era melhor que o das outras religiões, pois este era um só e onipotente; uma força maior — isso que ele era para Marcus.

Ah, foram muitas as vezes que tentou conversar com sua mãe. Ah, mas a velha senhora era rija como pedra. Para ele, a Igreja era falaz. Já para ela, santa e inquestionável. Numa tarde chuvosa, aberta a pensamentos sérios, Marcus investiu:

— Mãe, me decidi: não sou mais católico, nem vou à missa e não me iludo mais à toa...
— Meu filho, não se iluda: você não vai se encontrar mais com sua namorada, nem sairá mais com seus amigos, tampouco receberá dinheiro meu, se assim o fizer! — retrucou a mãe, como se a opinião do filho fosse algo à-toa.

Marcus, ao som de um muxoxo seu, calou-se em sua impotência, diante da deusa do lar. Sua mãe comprou sua fé. E pode pagar à vista com Master Card.

2 comentários:

  1. Bela crônica, companheiro! Um tanto quanto não tradicional e, vista de outra forma, divertida.

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  2. Brenovsky, você nao existe!
    rsrsrssrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr

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E aí?